terça-feira, 14 de junho de 2011

A VISÃO DO ESPÍRITA FRENTE À CRENÇA NA VIDA APÓS A MORTE
  gildeanfs@yahoo.com.br
Autores: Gildean Freitas da Silva (aluno) e Pedro Vitor Barnabé Milanesi (orientador)
A crença da vida no post-mortem, da doutrina espírita desperta o meu interesse pessoal, pois percebo que a espiritualidade é parte relevante da vida de muitas pessoas e não pode ser negligenciada no contexto, quer seja do atendimento psicológico, na produção de conhecimento em psicologia ou acerca do homem. Portanto, o objetivo deste trabalho foi fazer uma reflexão a respeito da vivência de espíritas frente à crença na vida após a morte.
Diante da busca cada vez maior do homem contemporâneo por uma religiosidade para a sua vida, faz-se necessário a compreensão da espiritualidade e da religião na visão da psicologia moderna.
A pesquisa contribui para a parcela da sociedade e para a área da psicologia, principalmente para a Psicologia da Religião e outras ciências que se interessam pela discussão em torno do tema religião, religiosidade e espiritualidade.
A crença na vida após a morte, de acordo com a doutrina espírita, substitui a grande aflição causada pelo pensamento da destruição absoluta do ser pelo conforto da existência, onde as experiências conseguidas são aproveitadas em novo estágio para o progresso do espírito.
No primeiro capítulo, faço uma breve discussão sobre a Religião e a diferença entre religiosidade e espiritualidade. Segundo a Enciclopédia Larousse Cultural (1998), encontram-se os seguintes significados para religião: uma re-ligação que significa um conjunto de crenças e dogmas definidores da relação do homem com a divindade. A religião é entendida como uma instituição que tem como elementos constitutivos a doutrina, os ritos, a ética e a comunidade (WILGES, 2005). Ainda, segundo Ribeiro (2004), a experiência religiosa está no cerne da experiência humana, estamos cercados do religioso, do espiritual e do sagrado. Também, neste capítulo, apresento uma noção básica da fé e da crença. De acordo com Amatuzzi (2003), a fé é uma ligação com o inesperado, é uma ação. A crença está ligada à fé, porém não quer dizer a mesma coisa, ou seja, a crença é o ato de acreditar, naquilo que pode acontecer num determinado credo, varia de uma cultura para outra, pois as crenças são diferentes, o que a torna diferente.
No segundo capítulo, trato das considerações preliminares sobre o Espiritismo, ou seja, um breve histórico sobre as bases fundadoras do Espiritismo; o magnetismo animal com Franz Anton Mesmer, o pensamento de Emmanuel Swedenborg, que defendia a volta da verdadeira religião, mas não acreditava na reencarnação. Segundo Figueiredo (2009), esse pensamento encontrava-se espalhado por alguns países europeus no final do século XVIII, bem como o magnetismo animal de Franz Anton Mesmer se destacava principalmente no solo francês.
No terceiro capítulo, discuto a Psicologia da Religião, desde sua validade como objeto de estudo da psicologia, como sua importância no cenário acadêmico-científico, frente às publicações e discussões que tem sido feitas e no que corroboram para a ampliação do saber psi.
No quarto capítulo, apresento as discussões metodológicas e os componentes essenciais são apresentados e refletidos à luz da fenomenologia, entendido aqui como estudo do vivido e seus significados. Segundo Freitas (2004), escrever sobre pesquisa Fenomenológica em Psicologia é uma tentativa de ensinar o pesquisador a "voltar às coisas mesmas", e ao fenômeno vivido como ponto de partida do conhecimento.
De acordo com Holanda (2003), a pesquisa fenomenológica parte da concepção de que ninguém melhor do que a própria pessoa para entender sua experiência.
Participaram dessa pesquisa quatro espíritas, entrevistados individualmente. As entrevistas foram do tipo não-diretiva ativa conforme a proposta de Mucchielli (1991). As análises das entrevistas dos participantes foram orientadas pela proposta de Amedeo Giorgi (1989), após a transcrição das entrevistas foi realizada a separação das unidades de sentido, bem como a compreensão psicológica de cada uma dessas unidades, buscando o sentido das vivências dos participantes em relação ao tema. Este capítulo encerra quando apresento a síntese geral das vivências, que de acordo com Forghieri (1993), na nossa vida cotidiana nos encontramos preocupados quanto a nossa existência, a pesquisa procurou dar conta desses sentidos, ressaltando as experiências individuais vividas pelos participantes.
Esta síntese da vivência, foca o sentido da crença na vida após a morte desses participantes. Este sentido, enquanto movimento inicia com um questionamento radical acerca da existência e de seu sentido, provocado pela vivência de uma condição extrema. Nesse sentido, a doutrina espírita, mais especificamente a crença na vida após a morte, atraem as pessoas com respostas e é o conforto e o acolhimento encontrado tanto nas pessoas quanto na doutrina que iniciam ela numa reflexão acerca da existência. Após o acolhimento, a pessoa começa outro movimento, o mundo passa a ser redescoberto sob um novo prisma, agora permeado pelos ensinamentos espíritas.

Descritores: Espiritualidade. psicologia da religião. Espiritismo. religiosidade. psicologia e religião.

Referências Bibliográficas:
AMATUZZI, M.M. Fé e Ideologia na Compreensão Psicológica da Pessoa. Psicologia Reflexão e Crítica. Vol. 16, nº 3, p. 569-575, 2003.

FIGUEIREDO, R. Do Século das Luzes. Catanduva, SP: Instituto Beneficente Boa Nova, 2009.


FORGHIERI, Y. C. Psicologia Fenomenológica, fundamentos método e pesquisas. São Paulo: Pioneira, 1993.

FREITAS, S. M. P. Pesquisa fenomenológica em Psicologia. Em: BAPTISTA M. N. e CAMPOS, D. C. Metodologias de pesquisa em ciências: Análises Quantitativa e Qualitativa. Rio de janeiro: LTC, 2004.

GIORGI, A. Um enfoque fenomenológico descritivo da psicologia empírica. Psicologia: Reflexão e Crítica. Vol. 4, n°1/2, p. 116-123, 1989.

GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL. São Paulo: Nova Cultural, 1998.

HOLANDA, A. F. Pesquisa Fenomenológica e Psicologia Eidética: elementos para um entendimento metodológico. Em: BRUNS, M. A. T. (org) e HOLANDA, A. F. Psicologia e Fenomenologia: reflexões e perspectivas. Campinas: Alínea, 2003.

MUCCHIELLI, A. As técnicas de coleta de dados. Lès Méthodes Qualitatives. Paris: PUF. p. 28-33 [ tradução de AMATUZZI. M. M.; setembro, 1991].

RIBEIRO, J. P. Religião e Psicologia. Em: HOLANDA, A. (org). Psicologia, Religiosidade e Fenomenologia. Campinas: Átomo, 2004.